domingo, 5 de dezembro de 2010

HISTORIA DE MARACAI - SP

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LEI DE DIREITOS AUTORAIS 9.610 / 98

            Em Minas Gerais, nos arredores da cidade de Campanha, residia o então fazendeiro Antonio Joaquim Melchior de Camargo , uma pessoa abastada, cuja fortuna vinha de sua família e do labor em suas terras, com a criação de animais e comercialização de escravos. Surgia o ano de 1840. Em busca de outras paragens seguia a família Melchior, indo do sul de Minas Gerais, para a Vila de Botucatu, a boca do Sertão do Estado de São Paulo. As matas, os banhados, os animais silvestres e os índios compunham o cenário daquela viagem que durou dias e dias. Com a família, seguiam muitos escravos, grandes rebanhos, carros de boi e nas veias, o sangue desbravador. Tudo era sofrimento. As onças, segundo Maria Rita e Augusto Antonio, respectivamente neta e bisneto de Antonio Joaquim, dificilmente deixavam passar uma semana em que não morresse um escravo atacado por elas ou, picados por cobras, trucidados pelos índios ou afetados pela malária, meningite ou outro tipo de febre. Para dormir faziam estaleiros de palmitos e os cobriam com suas folhas. Era grande o número de mortes por falta de recursos.
             O medo dominava as pessoas. Uma noite, estava um escravo dormindo em um estaleiro construído em uma descida; durante o sono, o escravo caiu e, sobre ele uma folha do palmiteiro. Amedrontado, pensando ser uma onça que o estava devorando disse: “Come zim nego onça, oce já pego memo agora come”. Ao perceber que nada o estava atacando, abriu os olhos na escuridão um pouco clareada pela fogueira e viu que era a folha do palmito que caíra sobre ele. Aliviado, subiu novamente no estaleiro.               
           A caça aos queixadas, catetos, capivaras e codornas era o meio de conseguir carne fresca; medicamentos eram feitos de ervas e para curar as feridas que se formavam com as picadas dos mosquitos, usavam o óleo de copaíba extraído do tronco da copaibeira.
             Apesar de latifundiários muito ricos, a vida era difícil. Fizeram derrubadas na mata, ergueram ranchos - conforme fotos de Maria Rita - onde habitaram até formarem as fazendas Lageado, Palmeiras, Jacutinga, Córrego do Rosário, nos arredores de Avaré e Botucatu.
            Antonio Joaquim Melchior de Camargo era filho de Antonio José Belchior e Joaquina Maria do Espírito Santo (ou Joaquina Maria da Rocha Camargo). Foi casado em primeiras núpcias com Delphina Maria de Jesus, com um qual teve um filho, José Delphino de Camargo. Viúvo, casou-se com Emerenciana Maria de Jesus e teve como filhas: Ana Joaquina, Eduarda Maria, Faustina Brígida e Caetana. Em 16.11.1863, com cerca de 30 anos, Emerenciana vem a óbito. Foi sepultada no Cemitério da Capela de Nossa Senhora das Dores do Rio Novo, atual Avaré, SP (conforme microfilme número 1253054 do registro civil de Avaré).
             Viúvo novamente, Antonio Joaquim casou-se com Mathildes Maria de Jesus (ou Mathildes Maria Vieira Martins) em 31.05.1864 na Matriz de Nossa Senhora de Sant'Anna, em Botucatu, SP, na presença das testemunhas: Francisco Antonio Diniz, Martiniano Miguel Pereira. Receberam as bênçãos nupciais pelas 9 horas da manhã.
            Mathildes Maria, nascida em Casa Branca, SP, era filha de Antonio Florêncio Martins e Anna Angélica Vieira e Silva. Anna Angélica era parente de Domingos Vieira e Silva, fundador da cidade de Alfenas, MG e de João Batista Vieira e Silva, fundador da cidade de Paraguaçu Paulista, SP. Antonio Joaquim e Mathildes tiveram os filhos: Joanna Batista, Antonio Lazário Melchior (meu bisavó), Maria Cassiana, Silveria Maria, Maximiniana Ciliria, Maria Ângela, Luiza Dionizia, Licerio Theodoro Melchior, Marianna Olympia e João Antonio Melchior.       
           Em 1871, Antonio Joaquim Melchior de Camargo adquiriu de José Teodoro de Souza, a Fazenda Pouso Alegre com 22.000 alqueires. Para comprovar que José Teodoro de Souza era proprietário dessas terras, existia apenas um documento, um cadastro feito pela Igreja de Botucatu para fins estatísticos ou, um ”registro do vigário”, ”registro paroquial”, não reconhecido como documento de propriedade. Estas terras ficavam próximas a Campos Novos do Paranapanema (atual Campos Novos Paulista, SP), sertão adentro. Para regularizar as terras adquiridas, Antonio Joaquim Melchior de Camargo, homem inteligente e de grande visão entrou com um requerimento de avaliação de terras para a legitimação da fazenda. Coube ao juiz comissário, cidadão Theodoro de Camargo Prado, nomeado pelo governo, esta tarefa. Depois de feita a medição, examinados os autos e tendo sido comprovado que estas terras eram moradas habituais da família, foi-lhe concedido o 'título de posse' pelo Presidente da Província. Posteriormente, a fazenda Pouso Alegre foi dividida em outras fazendas como: Roseta, Fortuna, Água do Melchior, Potreirinho, Cervo, Cardoso de Almeida, Pitangueiras, Capivara, Pinga, Boa Sorte, etc..                 Antonio Joaquim Melchior de Camargo era pardo, neto de uma escrava e de um francês, este, um senhor de engenho em Minas Gerais. Doente, com hidropisia, sendo muito religioso ou talvez pela doença e em busca de cura, desejou construir uma Igreja em louvor a sua santa de devoção. Doou 750 braças em quadra (75 alqueires) de terras pertencentes à fazenda Pitangueiras para construção de um patrimônio em louvor a Nossa Senhora do Patrocínio. É onde se localiza hoje a cidade de Maracaí. Este patrimônio foi doado conforme escritura datada de 09.11.1890, e conforme a vontade de Antonio Joaquim e sua esposa Mathildes, seria este o dia consagrado ao aniversário do município.
              Antonio Joaquim Melchior de Camargo faleceu dois anos após a doação, em 11/08/1892, com 78 anos; foi sepultado no cemitério de Conceição de Monte Alegre, hoje distrito de Paraguaçu Paulista, SP. Viúva, Mathildes Maria Vieira Martins Melchior, dona-de-casa e iletrada, colocou seu irmão Joaquim Martins da Silva, que era juiz de paz em Conceição de Monte Alegre, como seu procurador pois não tinha condições de administrar tamanha fortuna. Anos após, doente de um tumor maligno, talvez procurando uma cura também, em 15.01.1898, Mathildes Maria doou o patrimônio de São Sebastião da Roseta para o santo São Sebastião, com 31 alqueires, juntamente com sua família.
              Conforme a escritura, o patrimônio de Nossa Senhora do Patrocínio possuía ”750 braças em quadra (75 alqueires). Cujo limite de medida e o seguinte, começando na dita Água das Pitangueiras, em sua cabeceira e por a mesma abaixo atté onde completarem as ditas 750 braças. Do lado esquerdo da dita água medindo com as terras de Marcelino Antonio Diniz; e pelo outro lado dividindo com o mesmo doador (terras do próprio Antonio Joaquim). Por ser esta de nozsa livre vontade por preço e quantia de R $ 200 $ 000 ”. No documento citado consta que, por serem Antonio Joaquim e Mathildes Maria iletrados, assinaram a escritura a rogo dos doadores, Salviano José Nogueira, Belizário Nogueira Marmontel, Manoel Antonio do Nascimento e Dr. Antonio Lazário Melchior. Assinou o tabelião | João da Silva Ribeiro.
               O povoado de Nossa Senhora do Patrocínio das Pitangueiras, foi distrito policial de Conceição de Monte Alegre. Sua padroeira é Nossa Senhora do Patrocínio e anualmente é comemorado este dia na data de 15 de agosto. Foi elevado a distrito de Paz pela Lei número 1650 de 11 de setembro de 1919 e instalado a 17 de janeiro de 1920 com a denominação de Maracaí que significa Rio dos Chocalhos em tupi-guarani. Maracaí foi elevada a um município, na comarca de Assis, através da Lei Estadual número 2000 de 19 de dezembro de 1924 e instalada a 24 de março de 1925. O primeiro padre de Maracaí chamava-se Paulo de Mayo.
Relação dos prefeitos de Maracaí


 Nome

Inicio

Término

1

Cel. Azarias Ribeiro

24 de março de 1925

10 de fevereiro de 1928
2
Alfredo Garcia Duarte
11 de fevereiro de 1928
05 de novembro de 1928
3
Pedro Gonçalves da Mota
6 de novembro de 1928
08 de dezembro de 1930
4
José Severino de Almeida
10 de dezembro de 1930
08 de julho de 1932
5
Aureliano Rodrigues Siqueira
09 de julho de 1932
29 de julho de 1932
6
Pedro Correia Ribeiro
30 de julho de 1932
12 de agosto de 1936
7
Antônio Pereira Oliveira
12 de agosto de 1936
5 de janeiro de 1938
8
Dr. Afonso Faria Fraga
6 de janeiro de 1938
10 de abril de 1938
9
Pedro Correia Ribeiro
11 de abril de 1938
30 de julho de 1938
10
Juversino Cunha
31 de julho de 1938
22 de novembro de 1945
11
Wilson Silveira Nogueira
23 de novembro de 1945
29 de dezembro de 1945
12
Juversino Cunha
30 de dezembro de 1945
29 de setembro de 1946
13
Otto Ribeiro
28 de setembro de 1946
31 de março de 1947
14
Cacilda Prestes
1 de abril de 1947
29 de abril de 1947
15
Abilio Costa Ribeiro
30 de abril de 1947
2 de Janeiro de 1948
16
Otto Ribeiro
3 de janeiro de 1948
3 de dezembro de 1950
17
Carlos Alberto Bergamasco
1 de Janeiro de 1951
30 de dezembro de 1955
18
Antônio José de Carvalho
1 de Janeiro de 1956
31 de dezembro de 1959
19
Douglas Siqueira
1 de Janeiro de 1960
31 de dezembro de 1963
20
Jaime agulhão
1 de Janeiro de 1964
31 de janeiro de 1969
21
Douglas Siqueira
1 de fevereiro de 1969
11 de julho de 1972
22
Orlando Blefari
12 de julho de 1972
30 de Janeiro de 1973
23
Antônio Silva Cavalheiro
31 de janeiro de 1973
31 de janeiro de 1977
24
Elifaz Demane
1 de fevereiro de 1977
31 de janeiro de 1983
25
Antônio silva Cavalheiro
1 de fevereiro de 1983
31 de dezembro de 1988
26
Ademio Fetter
1 de Janeiro de 1989
31 de dezembro de 1992
27
Dr. José Roberto Brasil Machado
1 de Janeiro de 1993
31 de dezembro de 1996
28
Antônio Silva Cavalheiro
1 de Janeiro de 1997
31 de dezembro de 2000
29
Antônio Silva Cavalheiro
1 de Janeiro de 2001
31 de dezembro de 2004
30
Roberto de Almeida
1 de Janeiro de 2005
31 de dezembro de 2008
31
Elizabete de Carvalho Fetter
1 de Janeiro de 2009



Fontes de Pesquisa

·   Arquivo Nacional - http://www.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm.
·  Primeiro Tabelião de Notas de Botucatu, SP.
·  Primeiro Tabelião de Notas e Protesto de Letras e Títulos de Assis, SP.
·  Cúria Diocesana de Botucatu, SP.
·  Prefeitura Municipal de Maracaí, SP.
·  Microfilmes da Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias (Mórmons).
·  Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais e Tabelião de Notas de Conceição de Monte Alegre e Paraguaçu Paulista, SP.
·  Arquivo do Fórum de Assis, SP.
·  Registro Civil do Município de Jaguapitã, PR.
·   Registro Civil do Município de Alvorada do Sul, PR. 
  
 



Matriz de Sant 'Ana onde se casaram Antonio Joaquim Melchior de Camargo e Mathildes Maria.


Maria Rita, neta de Antonio Joaquim Melchior de Camargo.

Augusto Antônio, bisneto de Antonio Joaquim Melchior de Camargo.

Ireni, trineta de Antonio Joaquim Melchior de Camargo (Festa de Santo Reis Ajicê, SP).
Cemitério de Conceição de Monte Alegre, onde este sepultado Antonio Joaquim Melchior de Camargo e mais de 200 pessoas da família Melchior

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Paço Municipal de Maracaí, SP.

Igreja Nossa Senhora do Patrocínio em Maracaí, SP.
Ponte sobre o Ribeirão do Cervo, Maracaí, SP.



Ribeirão do Cervo, em Maracai-SP



Pesquisado por Ireni dos Santos Braga, trineta de Antônio Joaquim Melchior de Camargo.




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